Comunicado da Associação Nacional de Sargentos
Ministro da Defesa “à boleia” do profissionalismo dos militares!

19-05-2017 - N.A.

Na sequência das exigências colocadas aos militares das Forças Armadas pela peregrinação do Papa Francisco a Fátima, o Ministro da Defesa Nacional emitiu um comunicado. Aliás, a Ministra da Administração Interna também emitiu um, ou seja, combinaram!

No comunicado, “o Ministério da Defesa Nacional refere que José Azeredo Lopes enviou uma mensagem, em nome do Governo, às estruturas da Defesa a elogiar "todo o empenho, dedicação, atenção e profissionalismo" que demonstraram no dispositivo montado para a visita do líder da Igreja Católica”.

No comunicado pode ler-se que o Ministro da Defesa destacou o comportamento "sereno e competente", considerando que os militares das Forças Armadas demonstraram "disciplina, disponibilidade, capacidade de organização e bom senso, fruto dos valores da condição militar e apanágio" das Forças Armadas e "já também uma marca da Defesa Nacional".

Este é um aproveitamento descarado das qualidades, valores e princípios que desde sempre nortearam a postura dos militares das Forças Armadas, naquilo que é efectivamente “A” marca dos militares que servem nas Forças Armadas Portuguesas, que as constituem, que lhes dão corpo e que são a face visível no País e nos mais diversos teatros de operações onde são chamados a desempenhar a sua missão. Fazer esta colagem afirmando ser “já também uma marca da Defesa Nacional” parece abusivo se não mesmo ofensivo, por quanto a Defesa Nacional, na figura de sucessivos ministros, tantas vezes estribada nalgumas chefias militares, desde há muitos anos tem procedido, por acção ou por omissão, no sentido exactamente contrário, actuando como efectivos agentes da “Comissão Liquidatária das Forças Armadas”.

Ainda no comunicado, o Ministro da Defesa entende que o resultado da operação demonstra que o País pode "confiar plenamente nos militares e civis das Forças Armadas e da Defesa Nacional".

Consideramos ser redutor que o País possa “confiar plenamente…” apenas pelo resultado de mais esta bem sucedida missão. O País, os portugueses, sempre souberam, e sabem, que podem confiar nos seus militares, nos seus entes queridos que servem o País envergando um uniforme das Forças Armadas Portuguesas.

O mesmo já não se poderá eventualmente dizer daqueles que ocupando lugares de responsabilidade maior na tutela e na condução das questões inerentes às Forças Armadas e à Defesa Nacional têm continuamente contribuído para o desmantelamento, para a descaracterização desta instituição que é o maior garante da defesa da soberania e independência nacionais: as Forças Armadas Portuguesas!

Quando se inicia um período em que, depois da discussão feita no Parlamento no passado dia 9 de Maio, o Estatuto dos Militares das Forças Armadas (EMFAR) baixou à Comissão de Defesa por trinta dias, para serem analisadas e discutidas eventuais alterações, têm aqui o Ministro da Defesa (mais de ano e meio depois de ter tomado posse), as diversas forças políticas e os responsáveis militares, uma oportunidade soberana para fazerem coincidir os seus discursos e elogios públicos, com o documento que é a base estatutária dos militares.

Recordamos ainda que hoje, 15 de Maio, termina o prazo dado pelo governo a todos os organismos, serviços e entidades integrados no setor da administração, para o envio de informação sobre aqueles que podem progredir nas respectivas carreiras, que se encontram congeladas há quase uma década.

Os Sargentos de Portugal, através da sua associação de classe representativa, a Associação Nacional de Sargentos, irão continuar a dar os seus contributos e a fazer responsavelmente o seu trabalho na construção de um Estatuto que verdadeiramente dignifique!

A Direcção

15 de Maio de 2017

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