Coronavírus: Empresa cria ventilador a partir de máscara de mergulho da Decathlon
27-03-2020 - Diogo Camilo
O protótipo da Isinnova, criado a partir de máscaras de snorkeling, já foi testado na região de Lombardia, a mais afetada pelo novo coronavírus em Itália.
E se uma simples máscara de mergulho da Decathlon fosse utilizada para salvar vidas? É isso que está a fazer a Isinnova, que transforma as máscaras de snorkeling - ou mergulho livre - em ventiladores para doentes em Itália , o país com mais mortes provocadas pelo novo coronavírus. O protótipo já foi testado num hospital italiano e resultou, mas ainda tem de ser aprovado pelas autoridades de saúde.
Tudo começou há cerca de duas semanas, quando a Isinnova, uma pequena startup italiana de engenharia, recebeu um pedido da ajuda de um hospital em Chiari, na região de Lombardia, a mais afetada pelo novo coronavírus em Itália. Os profissionais de saúde precisavam urgentemente de válvulas de ventiladores para salvar os pacientes que precisavam de oxigénio e o fabricante não conseguia fornecê-los com a rapidez suficiente.
Foi assim que desenvolveram uma versão impressa em 3D da peça que o hospital precisava em apenas seis horas. A válvura venturi, que precisa de ser substituída a cada paciente, é ligada à máscara facial do doente para lhe fornecer oxigénio a um ritmo controlado e a uma concentração fixa.
A fácil resolução do problema chegou aos ouvidos de Renato Favero, médico e ex-diretor do Hospital Gardone Valtrompia, em Brescia, Lombardia, que propôs à empresa que tentasse contornar a falta de ventiladores para quem necessita de apoio à respiração. E deu o conselho de usarem máscaras de ventilação a partir das de snorkeling. A Isinnova contactou a Decathlon e adaptou as máscaras "Easybreath".
Em comunicado, a empresa explicou que ideia consistia em em construir "uma máscara de ventilação de emergência, realizada através do ajuste de uma máscara de mergulho já disponível no mercado".
O protótipo, a que deram o nome de "Charlotte", foi então testado com sucesso no mesmo hospital em Chiari, a cerca de 40 quilómetros de Bérgamo, o epicentro dos casos em Itália. No entanto, diz a empresa, o produto foi projetado para ser aplicado apenas em situações de emergência e escassez de equipamentos, não estando ainda certificado pela autoridades de saúde italianas.