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Dificuldades económicas refletem-se nos resultados escolares e na ambição académica

06-12-2019 - RTP

As dificuldades económicas continuam a ter efeitos negativos nos resultados escolares dos alunos portugueses, mas também nas suas expectativas. Vinte e cinco por cento dos estudantes desfavorecidos - ainda que com bom desempenho - não têm perspetivas de concluir um curso superior, revela hoje a OCDE.

A origem socioeconómica dos alunos é um "forte indicador" dos resultados dos alunos portugueses na leitura, matemática e ciências, defende a OCDE no relatório PISA de 2018, hoje divulgado.O PISA é um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), elaborado de três em três anos e que mede o desempenho dos alunos de 15 anos em competências como leitura, matemática e ciências, avaliando ainda outras questões como o ambiente escolar e as condições de equidade na aprendizagem.

Os resultados no PISA são contabilizados em pontos.  Nas competências de leitura, por exemplo, os alunos portugueses registaram um resultado global de 492 pontos, alinhado com a média dos países da OCDE.

No entanto, o relatório indica que os  resultados dos alunos de origem socioeconómica mais favorecida ficam 95 pontos acima dos que têm maiores dificuldades económica.

Este diferencial é superior à média da OCDE nesta comparação, que é de 89 pontos.

Em 2009, o diferencial resultante da origem socioeconómica dos alunos era de 87 pontos, em linha com a média da OCDE.

Entre os alunos com desempenho de topo nas competências de leitura, 16 por cento são de classes mais altas e apenas dois por cento de origem desfavorecida.

Ainda assim, o  PISA 2018 aponta 10 por cento de alunos de baixa condição socioeconómica que conseguiram resultados entre os 25 por cento mais elevados obtidos pelos alunos portugueses em leitura, o que para a OCDE significa que a pobreza não tem que ser uma fatalidade.

Os resultados indicam ainda que um quarto dos alunos mais pobres, ainda que com bom desempenho académico, não perspetivam concluir um curso superior, o que entre os alunos mais favorecidos é um objetivo declarado pela quase totalidade.

Em termos de resultados, mas também de expectativas de carreira, continua a haver um "eles" e um "elas".No site do PISA está o exame feito aos alunos.  Clique aqui para fazer o mesmo teste .


As raparigas superam os rapazes na leitura, mas eles são melhores a matemática do que elas. Em ciências não há diferenças de género assinaláveis, aponta o relatório.

O diferencial de género nas competências de leitura decresceu, ainda assim, ao longo de uma década: era de 38 pontos em 2009 e em 2018 baixou para os 24 pontos.

Já no que diz respeito a carreiras,  engenharia e ciências continuam a ser áreas de formação preferenciais para os rapazes e as profissões ligadas à saúde a opção primordial das raparigas. Carreiras na área das tecnologias de informação atraem menos de 10 por cento dos estudantes portugueses, com primazia para os rapazes.

O  relatório aponta ainda que a segregação de alunos com piores resultados tem o mesmo peso em Portugal do que na generalidade dos países da OCDE, com uma média igual de colocação dos alunos com pior desempenho em determinadas escolas.A probabilidade de um aluno mais pobre frequentar a mesma escola com outro com bons resultados escolares é superior em Portugal à média da OCDE: 22 por cento de hipóteses em Portugal contra 17 por cento de média da OCDE.

Ainda que as escolas portuguesas reportem uma maior falta de recursos do que a média da OCDE, o relatório indica que não há diferenças significativas entre escolas de meios favorecidos e as de meios desfavorecidos.

O PISA 2018 analisa ainda a equidade para alunos imigrantes, uma realidade que cresceu em Portugal dos cinco por cento em 2009 para os sete por cento em 2018.

Um em cada quatro alunos de origem estrangeira tem dificuldades económicas, mas ainda assim, 17 por cento dos alunos com um background imigrante conseguiram resultados entre os 25 por cento mais elevados.

O ambiente escolar continua a não ser completamente seguro: 14 por cento dos alunos indicaram ter sido vítimas de  bullying, "pelo menos, algumas vezes por mês" e 10 por cento afirmaram sentir-se sozinhos na escola.

Os  alunos portugueses reconhecem ainda que o mau comportamento se reflete nos resultados: aqueles que admitem que os professores têm que esperar muito até que a turma sossegue para poder começar uma aula registaram resultados em leitura 17 pontos abaixo dos que afirmam que isso nunca acontece na sua turma.

A maioria dos estudantes portugueses (69 por cento contra 67 por cento de média da OCDE) afirma ainda que estão satisfeitos com as suas vidas. Apenas três por cento indicaram sentir-se sempre tristes.


A escola é também percecionada pela maioria como um espaço de crescimento: 66 por cento dos alunos nacionais discordaram da afirmação "A tua inteligência é algo sobre ti que não podes mudar muito".
Portugal na média da OCDEO relatório revela ainda que os alunos portugueses estão ligeiramente acima da média da OCDE em competências como leitura, matemática e ciências, ainda que neste último domínio tenham piorado resultados face à avaliação de 2015.

O relatório aponta Portugal como uma das únicas sete economias - entre 79 analisadas - onde, ao longo da sua participação no PISA, os resultados foram consistentemente de progresso nos três domínios.

Para além de Portugal, apenas Albânia, Colômbia, Macau (China), República da Moldávia, Perú e Qatar o conseguiram.

Apesar dos progressos, os resultados dos alunos portugueses a ciências pioraram em 2018 face aos registados no relatório anterior, em 2015.

Ainda que se mantenham ligeiramente acima da média da OCDE, os resultados caíram para valores próximos dos registados há cerca de uma década.Em 2018, 80 por cento dos alunos portugueses que participaram no estudo da OCDE obtiveram em ciências resultados de, pelo menos, nível 2, ou seja, o nível mínimo de exigência nos critérios de avaliação de competências usados pela OCDE, ficando ligeiramente acima da média da organização, que é de 78 por cento.

A percentagem de alunos nacionais considerados  tops performers, ou seja, com um desempenho de topo a ciências foi de seis por cento, quase em linha com a média de sete por cento da OCDE.

Em competências de leitura, os alunos portugueses que atingiram pelo menos o nível 2 de competências fixaram-se nos 80 por cento, acima dos 77 por cento de média da OCDE. Neste domínio a percentagem de alunos de topo, que atingem níveis de 5 e 6, foi de sete por cento, abaixo dos nove por cento de média da OCDE.

Já a Matemática, os alunos portugueses estão praticamente iguais à média da OCDE (76 por cento), registando uma percentagem de 77 por cento de estudantes que atingem pelo menos o nível 2. A percentagem de alunos de topo supera a média da OCDE (11 por cento), com um registo de 12 por cento.

Os resultados internacionais mostram que algumas regiões da China que participam no estudo, entre as quais Hong Kong e Macau, e outras economias asiáticas, como Singapura, se encontram entre os países ou regiões com melhores resultados a Matemática, com algumas regiões chinesas a conseguirem colocar quase metade dos seus alunos entre os  top performers da disciplina.

C/ Lusa

 

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