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"O que estamos a gastar com o sistema financeiro não traz retorno ao país"

18-01-2019 - N.A.

Catarina Martins sublinha em entrevista a necessidade de reforçar a qualidade e gratuitidade dos serviços públicos na saúde e educação. Melhorias no trabalho e economia têm sofrido com a indecisão do governo PS que mantém uma visão liberal.

Catarina Martins, em entrevista ao jornal Observador, avaliou o papel do Bloco na experiência governativa dos últimos anos e as perspectivas para resto da legislatura e posteriormente. Sublinhando por um lado os sucessos conseguidos em travar a agenda neoliberal de austeridade, na recuperação de rendimentos, ou no desabar de um consenso de 2 décadas sobre as propinas,  alertou por outro lado para a fraca consolidação de uma agenda alternativa de serviços públicos gratuitos e de qualidade, bem como de dignidade no trabalho e na reforma. Essa alternativa não tem ainda força suficiente face a uma visão liberal que, mesmo em crise, se mantém dominante no PS e toda a direita.

A recente proposta de Lei de Bases da Saúde é exemplo dessa visão liberal, com a defesa pelo governo e pela direita da obrigação do Estado financiar os prestadores privados de saúde, quando actualmente 3 em cada 10 euros do orçamento da saúde já financiam privados, financiamento que nunca sofreu cortes ao contrário dos serviços prestados pelo Estado. As PPPs são um exemplo prático com resultados sofríveis, apesar de diversos estudos "manipulados" que procuram mascará-lo. Mesmo a alegada vantagem do   know-howda gestão privada redundou numa contratação em massa de gestores do sector público pelos privados.

Na educação, Catarina Martins lamenta o "populismo do governo com os professores", com a sua intransigência no descongelamento das carreiras docentes ao recusar um ajustamento gradual, admitido pelos sindicatos. Produto de uma visão comum no país "de que é bom bater nos professores" e olha a educação como uma despesa ignorando o seu retorno a longo prazo. Uma visão que não se aplica à despesa financeira, muito superior: "O que estamos a gastar agora com o sistema financeiro não trará ao país retorno como traz a educação". Por outro lado, a recente recuperação da ideia de abolição as propinas no Ensino Superior é um sinal encorajador para o futuro.

Em matérias de trabalho e economia, Catarina Martins mostra-se mais pessimista. Em votação recente o PS "decidiu aliar-se ao PSD e ao CDS" para manter a caducidade unilateral das convenções colectivas, que dá ao patronato o poder de vetar na prática acordos que não aprecie. No sistema financeiro, mantém-se a lógica de privatização de ganhos e socialização de perdas: os bancos já voltaram aos lucros, mas os milhões gastos no seu resgate não serão recuperados. O problema de fundo é que "80% dos deputados foram eleitos com um programa de liberalização e de desregulação laboral". Enquanto essa relação de forças não se alterar a favor da esquerda, novos casos BANIF serão sempre possíveis.

 

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