Transplantes. Um ano à espera de exame para despistar cancro no fígado
06-07-2018 - Pedro Vilela Marques
Doentes transplantados no hospital Curry Cabral queixam-se da demora das ressonâncias magnéticas, que são feitas no São José, e dizem que têm de recorrer ao privado. Centro hospitalar argumenta que "não são casos realmente urgentes".
transplantados no hospital Curry Cabral, em Lisboa, que esperam um ano por exames de despistagem de cancro no fígado. "Não são casos realmente urgentes", é a justificação apresentada pelo Centro Hospitalar de Lisboa Central para os atrasos nas ressonâncias magnéticas, que têm de ser feitas no São José. Quanto aos doentes, dizem-se obrigados a recorrer ao privado para terem resultados em tempo útil.
O caso de Maria Odete, 73 anos, arrasta-se desde 2016 e até já ilustrou uma artigo de opinião do ex-bastonário dos médicos. Transplantada ao fígado, Odete descobriu há cerca de dois anos uns nódulos através de exames de acompanhamento. A médica que a segue pediu-lhe uma ressonância magnética para despistar a hipótese de serem malignos, mas a convocatória nunca chegou. Sete meses depois ainda não tinha resposta do SNS e decidiu ir ao privado, onde pagou cerca de 300 euros pelo exame. O seu exemplo chegou mesmo a ser usado pelo então bastonário, José Manuel Silva, para ilustrar os métodos usados "para destruir o SNS".
Mas as esperas não ficaram por aí. "O resultado da primeira ressonância foi dúbio, por falta de contraste, e a médica pediu no início do ano passado uma segunda para avaliar a evolução dos nódulos", conta ao DN um familiar de Odete. "Mas aí resolvemos não pagar e esperar para ver quando a chamavam". Esperou um ano por exame em São José. "Não tem nada maligno, mas se tivesse, tinha-se passado demasiado tempo nisto e a situação não tinha sido tratada". Apresentada queixa, o centro hospitalar justificou os atrasos com o "défice de recursos humanos e de equipamento" e com o facto de a médica assistente ter dado uma prioridade normal ao exame.
Fonte: DN.pt
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