Fernando Nobre mostrou-se amargurado com a política
15-06-2018 - N.A.
O Clube dos Pensadores recebeu Fernando Nobre, antes das férias de Verão. Foi um Fernando Nobre amargurado com o que passou na sua curta passagem pela política activa, apesar de vincar que um cidadão pode fazer de várias maneiras política, para além, dos partidos e ter uma opinião sobre o mundo que o rodeia.
Lamentou a forma como foi tratado depois da sua breve passagem pela política, em que foi candidato presidencial e candidato como independente pelo PSD a deputado, gorando-se a hipótese de ser Presidente da Assembleia da República.
Se fosse hoje voltava a fazer a mesma coisa, mas ficou ressentido com algumas pessoas, que um dia, dará conhecimento público. Bateu-se por um projecto de cidadania, procurou lutar contra as injustiças que assistia, em que o país estava à beira do abismo, da ruptura, numa situação trágica (como se veio a verificar com a entrada da troika em que o país esteve à beira da bancarrota).
Alegou que procurou dar o seu contributo cívico.
A sua mulher procurou sempre demovê-lo desta experiência tendo em conta que ia passar de bestial a besta, ser insultado e entrar num combate que nunca foi o seu. O ser contra contra o sistema é muito difícil e o sistema costuma triturar quem o faz.
Joaquim Jorge apesar de achar que a sua passagem pela política não foi tão má assim, pois abriu novas possibilidades para os independentes. Foi uma espécie de lebre para quem veio a seguir. Nas eleições presidenciais obteve um honroso 3.º lugar com um score perto dos 15% e cerca de 600.000 votos, encabeçou a lista do PSD ao Parlamento, tendo num excelente resultado, ajudando o PSD a vencer as eleições.
Joaquim Jorge aproveitou o ensejo para lhe colocar uma questão: “Não acha que quem está na política não aceita que venha alguém de fora?”
Fernando Nobre está completamente de acordo e acrescenta que sem dinheiro e apoios é impossível vencer a máquina infernal dos partidos políticos que são vorazes em tudo que é lugares, acrescentando que “ os elogios à cidadania e aos independentes são um engodo, as candidaturas de puro voluntarismo, têm uma dificuldade extrema”.
Fazendo uma espécie de retrospectiva, vincou que foi o 1.º independente a liderar o circulo eleitoral da capital e que foi o único a ser candidato independente a presidente da Assembleia da República. "Não me queriam" citou. Por isso, entendeu que tinha que ir embora e renunciou a tudo o que lhe foi proposto. Perguntou a si mesmo durante alguns anos o porquê de tamanha rejeição?
Tem uma visão própria do mundo, mas é a sua visão, gosta de desafios. Não se arrepende de nada e ajudou Passos Coelho a ser primeiro ministro. Diz que pagou caro por isso.
Para Fernando Nobre nada é mais triste do que um homem acomodado citando Sophia de Mello Breyner. Diz-se ousado! Diz que ainda há um sonho que ficou por realizar, fazer um hospital no mato!
Em certos momentos reserva-se o direito de proteger a AMI e que não pode dizer tudo. Quer preparar a 2.ª geração para daqui a uns anos "passar a pasta". Quando abandonar a AMI vai escrever um livro sobre tudo que se passou ao pormenor. Para já fica em stand by. A seguir à sua renúncia do mandato de deputado sentiu na pele a ostracização e rejeição da sua pessoa pagando por tabela a AMI, do qual é o seu presidente.
Os projectos que têm em mão a nível internacional é o apoio na Guatemala provocada pela erupção vulcânica que matou 109 pessoas e projectou uma nuvem tóxica de gás e cinzas, à volta do vulcão.
Em Portugal e na sequência dos incêndios, criar um fundo para a reflorestação nas zonas afectadas.
Salientou que “ a AMI está muito viva e eu também, por isso o futuro será aquele que eu entender ".
Com esta efémera experiência na política aprendeu muito e levou muita pancada, todavia é um homem essencialmente de causas.
Depois de ter renunciado ao seu mandato foi convidado para vários cargos de importância: Conselheiro de Estado, OCDE, entre outros. Contudo rejeitou-os todos por achar que na AMI é que é feliz e é aí que sente útil e importante para os outros.
Assim terminou mais um ciclo de debate e Joaquim Jorge despediu até Setembro não deixando de salientar que neste ciclo de debates, que agora termina o Clube dos Pensadores recebeu Mário Nogueira, líder da Fenprof, António Saraiva, líder da CIP, Pedro Duarte, do PSD, Paula Teixeira da Cruz, ex-ministra da Justiça; Jaime Nogueira Pinto, politólogo, José Ramos-Horta, prémio Nobel da Paz e António Capucho, ex-PSD.
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