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Trump e Rússia em guerra de palavras a antecipar retaliação

13-04-2018 - Abel Coelho de Morais

Presidente americano promete ataque com mísseis "bonitos, novos e inteligentes". Moscovo e Teerão garantem apoio a Damasco.

Estados Unidos e Rússia estavam ontem envolvidos numa guerra de palavras sobre a Síria enquanto se adensava a sensação de suspense em torno das consequências de uma retaliação americana, considerada inevitável, contra o regime de Bashar al-Assad pelo ataque com armas químicas na cidade de Douma no passado fim de semana.

"A Rússia promete destruir qualquer míssil disparado contra a Síria. Prepara-te Rússia, porque eles vão chegar, bonitos, novos e inteligentes", escrevia ao início do dia o presidente Donald Trump no Twitter, numa primeira referência explícita a um ataque a alvos sírios. Em resposta, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo referia que os "mísseis deviam ser lançados sobre terroristas, não sobre o governo legítimo" da Síria. Numa outra reação à mensagem de Trump, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que Moscovo "não participa em diplomacia do Twitter" e espera que "nada se faça para piorar uma situação já de si frágil". O mesmo Peskov, segundo a agência Tass, terá afirmado que o ataque químico em Douma fora uma invenção dos EUA para terem um pretexto para atacarem a Síria.

A Rússia, juntamente com o Irão, é o principal aliado de Bashar al-Assad e no dia anterior vetara uma resolução no Conselho de Segurança das ONU a condenar o regime de Damasco. Foi o 12.º veto de Moscovo a resoluções críticas de Assad, desde o início do conflito em 2011.

De Teerão surgiu também uma declaração de apoio a Assad, com o principal conselheiro do líder supremo, o ayatollah Ali Khamenei, a declarar que "o Irão apoia o governo da Síria na luta contra qualquer agressão estrangeira (...). O Irão apoia a Síria no combate contra a América e o regime sionista [referência a Israel]", declarou Ali Akbar Velayati, que falava durante uma visita a Ghouta oriental, o enclave nos arredores de Damasco recentemente reconquistado pelo regime sírio. Para Velayati, "os inimigos da Síria estão irritados por causa dos sucessos militares contra os terroristas". O regime de Assad e seus aliados rotulam como "terroristas" todo e qualquer grupo da oposição.

Na iminência do ataque americano, o regime sírio estaria a movimentar "meios aéreos" para evitar a sua destruição, disseram à Reuters fontes militares em Washington. Informação também referida pelo Observatório Sírio dos Direitos do Homem (OSDH) à mesma agência, que explicitava estarem a ser retirados todos os aparelhos das bases aéreas e aeroportos, não sendo claro para onde estariam a ser colocados, se em bases russas ou em hangares subterrâneos.

Que um ataque estaria a ser preparado era óbvio, o que se podia aferir por vários desenvolvimentos, como a agência aérea europeia Eurocontrol a alertar as companhias para exercerem particulares precauções nas rotas no Mediterrâneo oriental nos próximos dias.

Em França, Le Figaro revelava que planos operacionais tinham sido apresentados ao presidente Emmanuel Macron, escrevendo que os aviões deviam partir da base de Saint-Dizier, no Alto Marne. Ao final do dia, a BBC revelava que o governo de Theresa May iria também disponibilizar meios para o ataque e que, no plano político, optara por não procurar aprovação parlamentar. Anteriores intervenções, Iraque e Líbia, foram submetidas ao voto em Westminster e o líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn (que criticou o envolvimento de Londres naqueles dois conflitos), defendera a necessidade de um voto no Parlamento, ainda que este não seja obrigatório.

Antes, falando em Birmingham, May dissera que "todas as indicações apontam para a responsabilidade do regime sírio" no que sucedeu em Douma.

O secretário da Defesa americano, Jim Mattis, declarou ontem estar ainda a ser determinado a origem dos agentes químicos usados em Douma e quem teria realizado o ataque. Confirmou, por outro lado, que há opções militares em estudo. Sobre o primeiro aspeto, fontes oficiais americanas disseram à Reuters, sob anonimato, não estar determinada a cem por cento a natureza dos químicos, que terão sido lançados a partir de helicópteros. Desde o início do conflito que o regime de Assad tem usado, preferencialmente, helicópteros nos ataques a alvos civis.

A Organização Mundial da Saúde divulgou ontem um comunicado a indicar que cerca de 500 pessoas de Douma foram tratadas "com sintomas consistentes com a exposição a químicos tóxicos" e 43 das 70 vítimas mortais tinham resultado "da exposição a agentes químicos altamente tóxicos".

A Organização para a Proibição de Armas Químicas, convidada por Damasco a deslocar-se a Douma, tem agendada para a próxima segunda-feira uma reunião para analisar o ataque e a viagem.

Relação é a "pior de sempre"

No conjunto de mensagens ontem no Twitter, se Trump se mostrou agressivo com a Rússia e classificou, numa delas, a relação entre os dois países "como a pior de sempre, incluindo a Guerra Fria", numa mensagem posterior responsabilizou "muito do mau clima com a Rússia é resultado da falsa e corrupta investigação" sobre o alegado envolvimento de Moscovo na eleição presidencial de 2016 e de um possível conluio entre a campanha de Trump e os russos.

Insistindo que a investigação é uma manobra dos "leais aos democratas" e das "pessoas que trabalharam para Obama", Trump defende uma melhor relação com a Rússia, "para ajudar a sua economia", o que seria para os Estados Unidos "muito fácil de fazer". E termina com a ideia de que "todas as nações devem trabalhar em conjunto". Uma hora antes, publicara a mensagem a avisar a Rússia da chegada dos "bonitos, novos e inteligentes".

Fonte: DN

 

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