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Sob protestos no Chile, Papa pede perdão por abusos

19-01-2018 - Patrícia Viegas

"Não posso deixar de expressar a minha dor e vergonha", disse Francisco, em Santiago do Chile, pedindo perdão às vítimas de abusos.

O Papa iniciou a sua visita ao Chile com um pedido de desculpas pelos abusos sexuais de que foram vítimas crianças por parte de membros da Igreja Católica.

"Não posso deixar de expressar a minha dor e vergonha, vergonha que sinto por causa do mal irreparável causado a crianças por membros da Igreja", disse Francisco, no palácio de La Moneda, antes de um encontro com a presidente chilena, Michelle Bachelet. "É justo pedir perdão e fazer um esforço para que tais coisas não voltem mais a acontecer", acrescentou o Papa, que é natural da Argentina.

Na missa que realizou em seguida, no O"Higgins Park, havia entre os fiéis compatriotas seus. "Sim, esperamos um dia poder ver Francisco na Argentina", declarou Dahiana Veroitza, de 19 anos, à reportagem do Los Angeles Times em Santiago do Chile. "Temos todos muito orgulho nele. Mas também é muito tocante ver a presença dele também aqui no Chile", afirmou a jovem que integra um grupo de turistas argentinos.

Mas a visita não se fica por arrependimentos, desculpas, elogios. Também está a ser marcada por protestos de vários tipos. No Twitter, um grupo crítico da visita do Papa Francisco, de 81 anos, postou: "Não a mais abusos, a mais encobrimentos e a mais hipocrisia." Pelo menos oito igrejas foram atacadas no decorrer da passada semana, duas foram incendiadas na segunda-feira perto de Temuco, onde o Papa vai estar hoje.

Noutra igreja de Santiago foi feito um graffiti que diz: "Arde Papa" e "Papa cúmplice". Não muito longe de onde ontem se realizou a missa, a polícia de choque envolveu-se em confrontos com cerca de 200 pessoas que protestavam contra o escândalo dos abusos sexuais e o custo da visita do Papa, que é da ordem dos 17 milhões de dólares (13,8 milhões de euros), noticiou a reportagem da Reuters.

O escândalo dos abusos sexuais está a dividir a Igreja no Chile. Algumas vozes mais críticas condenaram a nomeação do bispo Juan Barros para a diocese de Osorno, no Centro-Sul do país. Barros, que esteve na missa de ontem, é acusado de proteger o seu antigo mentor, o padre Fernando Karadima, que em 2011 foi declarado culpado de abusos sexuais a rapazes adolescentes durante muitos anos. A conclusão foi de uma investigação levada a cabo pelo Vaticano. Karadima negou qualquer culpa e Barros disse que não tinha conhecimento de quaisquer abusos.

Num país com 17,9 milhões de habitantes, os crentes parecem também divididos. Segundo uma sondagem do Latinobarómetro, que foi divulgada este mês, 45% dos chilenos consideravam em 2017 que eram católicos. Em 1995 a percentagem era de 74%.

Esta visita de Francisco ao Chile é a primeira de um Papa em cerca de três décadas. A última foi a de João Paulo II em 1987. Ainda estava no poder o ditador Pinochet. Ontem, no seu discurso, o Papa lembrou que o país "enfrentou momentos de tumulto, por vezes muito dolorosos". Francisco enalteceu a consolidação da democracia.

Do Chile, no fim da semana, o Papa segue para o Peru, onde um outro ex-ditador está na origem de uma forte polémica. Alberto Fujimori, presidente de 1990 a 2000, condenado a 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade, foi libertado, no Natal, por ordem do presidente Pedro Pablo Kuczynski. Por razões de saúde.

Fonte: DN

 

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