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Rei escolheu o lado de Rajoy e acusa Catalunha de “deslealdade inadmissível”

06-10-2017 - Esquerda.net

Felipe VI discursou e defendeu que “é a responsabilidade dos legítimos poderes do Estado assegurar a ordem”. Pablo Iglesias responde: “Não em nosso nome”; Ada Colau classifica o discurso do rei como “indigno e irresponsável”. Puigdemont reitera que proclamará a independência "numa questão de dias".

O rei dirigiu-se ao país, num discurso transmitido pela televisão espanhola, dois dias depois do referendo independentista na Catalunha. Numa mensagem duríssima, acusou a Generalitat de se situar à margem do direito e da democracia, com intenções de "quebrar a unidade de Espanha".

“Vivemos momentos muito graves para a nossa vida democrática”, afirmou Felipe VI, no trono desde 2014, naquela que foi a sua primeira comunicação solene, para lá das tradicionais mensagens de Natal. A própria imprensa espanhola sublinha que não é habitual o rei dirigir-se, assim, numa mensagem aos espanhóis, mas Felipe VI apareceu vestido de civil, com as bandeiras de Espanha e da União Europeia atrás de si.

“Há algum tempo que determinadas autoridades da Catalunha não cumprem a Constituição e o seu Estatuto de Autonomia”, começou por denunciar o monarca. "Com as suas decisões enfraqueceram de uma forma sistemática e reiterada as normas aprovadas legitimamente, demonstrando uma deslealdade inadmissível aos poderes do Estado. Quebraram a harmonia e a convivência na sociedade catalã. Hoje a sociedade catalã está dividida e com a sua conduta irresponsável podem, inclusivamente, colocar em risco a estabilidade económica e social da Catalunha e de toda a Espanha", disse.

As autoridades catalãs, disse ainda, referindo-se ao governo autonómico e ao parlamento, que aprovou as Leis do Referendo de Autodeterminação celebrado no domingo e a chamada “lei da ruptura”, que prepara a separação da Catalunha de Espanha, “quiseram quebrar a unidade de Espanha” e “quebraram os princípios democráticos de instituições históricas”.

“São momentos difíceis, mas vamos superá-los porque acreditamos no nosso país”, continuou o rei. “É a responsabilidade dos legítimos poderes do Estado assegurar a ordem”, insistiu, colocando-se claramente do lado do que tem sido a atuação do primeiro-ministro Mariano Rajoy, sublinhando ainda: “Reafirmo o firme compromisso da coroa com a democracia, com a unidade e com a continuidade de Espanha”.

Sobre a repressão policial e os feridos deste domingo, e a mobilização catalã nas ruas, gritando por democracia e autodeterminação, nada disse.

Esquerda responde com duras críticas ao “rei não eleito”

As reações a esta “declaração de guerra” à democracia na Catalunha não se fizeram esperar: os catalães responderam ao monarca com batidas de tachos às janelas e gritos de “Independência”. Os dirigentes da esquerda responderam também com duras críticas.

No Twitter, Pablo Iglesias (Podemos), afirmando-se como presidente de um grupo parlamentar que representa mais de 5 milhões de espanhóis, respondeu ao “rei não eleito”: “Não em nosso nome”.

Ada Colau, presidente da Câmara de Barcelona (Catalunya en Comú), classificou o discurso do rei como “indigno e irresponsável”, sublinhando a ausência de soluções, de apelo ao diálogo e de menção aos feridos.

Alberto Garzón, Coordenador da Izquierda Unida, tradicionalmente republicana, e porta-voz adjunto da coligação Unidos Podemos, publicou uma nota no Facebook: "O cidadão Felipe de Borbón está a preparar o terreno para uma intervenção duríssima contra a Catalunha, por parte do Governo mais corrupto de toda a União Europeia”.

Apenas o PP de Rajoy e os Ciudadanos elogiam o discurso de Filipe VI. Já a porta-voz parlamentar do PSOE, Margarita Robles, prefere destacar os apelos à “serenidade, entendimento e concórdia”.

Puigdemont reitera que proclamará a independência "numa questão de dias"

Numa entrevista à BBC, esta noite (momentos antes do discurso do rei), o Presidente da Generalitat afirmou que irá declarar a independência da Catalunha "numa questão de dias".

Carles Puigdemont considerou ainda que "seria um erro que mudaria tudo", se o Governo de Madrid decidisse intervir e assumir o controlo do executivo da Catalunha, e descreveu como "muito dececionante" a reação da União Europeia à repressão exercida pelas forças policiais, durante o referendo de domingo.

 

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