"Não é assim que se vende um banco"
06-01-2017 - Miguel Videira/Cláudia Arsénio
O vice-reitor da Universidade da Madeira e especialista em Finanças, Ricardo Cabral, critica na TSF a decisão do Banco de Portugal que escolheu a Lone Star para a compra do Novo Banco.
A escolha do banco de Portugal é controversa, revela desespero e não ajuda à estabilidade, defende Ricardo Cabral.
Ouvido na Manhã TSF, sobre a decisão do Banco de Portugal que atribui prioridade à Lone Star, no processo de compra do Novo Banco, o vice-reitor da Universidade da Madeira lembra que os norte-americanos exigem garantias do Estado, quando ontem, em entrevista à TSF e ao Diário de Notícias, o ministro das Finanças deixou claro que o Estado não vai dar qualquer garantia.
"É um processo que não segue as normas normais. Não é assim que se vende uma entidade. Não percebo como é que esta semana soubemos que o ministro das Finanças diz que não há garantias públicas e na mesa, a proposta recomendada pelo Banco de Portugal (BdP) é uma proposta em que a Lone Star exige 2500 milhões de euros de garantias públicas", questiona.
Na prática, explica Ricardo Cabral, a Lone Star depois "terá muitos incentivos a exercer essas garantias, transformando o valor de venda num valor negativa. Ou seja, o Estado teria de pagar para vender o banco".
O especialista em Finanças sublinha também o facto de este tipo de fundos não estar vocacionado para a gestão bancária.
"O objetivo [destes fundos] não é a economia do país, não é o banco, o objetivo é multiplicar o capital investido. Portanto, corremos o risco de ver o banco espartilhado, liquidado, corremos o risco de o Banco Central Europeu (BCE) daqui por um ano retirar a licença bancária ao Novo Banco", afirma.
Contactado pela TSF, o Ministério das Finanças diz que não comenta.
Fonte: TSF
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