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Costa namorisca com o PSD e dá munições à esquerda sobre perigos da maioria absoluta e do bloco central

19-11-2021 - Adriana Peixoto

Os fantasmas da maioria absoluta e do bloco central e a repetição das bandeiras da esquerda que o PS não incluiu no Orçamento são os argumentos da esquerda no clima pré-eleitoral.

Já cheira a campanha eleitoral. Principalmente entre os ex-parceiros da geringonça, os trunfos já estão em cima da mesa: a necessidade de impedir a maioria absoluta do PS e a solução de bloco central que os socialistas e o PSD estão a namorar e as políticas de esquerda que caíram na proposta de Orçamento de Estado.

O argumento da proximidade do PS à direita já não é de agora, mas ganhou um novo fôlego depois da entrevista de António Costa em que o primeiro-ministro não fechou a porta ao diálogo com os sociais-democratas, depois de já ter várias vezes no passado criticado um acordo de governo entre os dois maiores partidos.

Agora, para o PCP e o BE, o voto na esquerda é essencial para evitar que a direita volte ao poder, principalmente depois de figuras conhecidas do PS, como Francisco Assis, Manuel Alegre ou Carlos César terem defendido em público a aliança com o PSD.

Ainda antes do chumbo do OE, o clima pré-eleitoral já se sentia com os parceiros da geringonça a organizar comícios e saídas à rua, e os partidos já apostaram em encontros com os eleitores à pesca dos votos de protesto.

Do lado comunista, Jerónimo de Sousa acredita que o “namoro” do PS com o PSD pode levar a um bloco central “que, sorrateiro, bloqueia Portugal” e que estão de volta “as manobras para construir uma bipolarização artificial entre PS e PSD e [que] voltará o discurso do perigo da direita”.

O dirigente do PCP reforça que o PS quer esconder a realidade de que “cada voto no PCP e na CDU é um voto para afastar a direita” e deixa alfinetadas ao Presidente da República, que incluiu no grupo de “comentadores de direita” que já antecipa um bloco central.

“Quem está a abrir a porta ao PSD é o PS, e não o PCP“, lembra Jerónimo de Sousa, que compara a situação actual com a de 2015, quando “o PS já estava a mandar cumprimentos ao PSD” na noite eleitoral”. “Foi isso que aconteceu, é isso que acontecerá sempre”, sublinha, destacando o “papel determinante” da CDU na geringonça que travou a continuação da governação da direita.

Sobre as intenções dos socialistas, Jerónimo não poupa críticas, dizendo que o PS quer “continuar a não responder aos problemas e manter as opções essenciais que marcam a política de direita, ambicionando fazê-lo seja por via da maioria absoluta ou por via de novos acordos com o PSD”.

O líder do PCP argumenta que “o estafado artifício do voto útil” morreu quando “a vida provou nestes últimos anos” que as eleições legislativas “não escolhem nenhum primeiro-ministro”, recordando a solução de 2015 que levou a que o partido vencedor das eleições não formasse governo.

Entre os bloquistas, a cassete é a mesma. Catarina Martins também lembrou a noite eleitoral de 2015 para criticar o bicho-papão da maioria absoluta, afirmando que se o PS tivesse “obtido então a maioria absoluta”, teria “cumprido todas as ameaças que tinha feito, a começar pelo congelamento das pensões”. A geringonça foi o mecanismo que puxou os socialistas para a esquerda, reforça.

Já a deputada Mariana Mortágua condena o “namoro” com o PSD, apelando ao voto nos bloquistas para que haja “força para travar a maioria absoluta do PS, e a maioria absolutíssima desse acordo de bloco central”. “É chegado o momento da clarificação” sobre os objectivos de Costa, que está a pedir votos no PS para “fazer uma aliança com a direita”.

A coordenadora bloquista afirma que os portugueses “não querem voltar” a repetir o passado. “Não são contas certas recusar aos pensionistas o fim da dupla penalização das pensões que a troika impôs e que custaria em 2022 o mesmo que o governo perdoou à EDP no imposto do selo que ainda não cobrou”, criticou, sublinhando que casos como este “envenenam a economia e a sociedade“.

“O jogo político do poder absoluto diz tudo sobre a ambição de repetir Cavaco ou Sócrates […], uma vez que é com o PSD que [o PS] se vai entender para bloquear mudanças nas leis laborais e para manter o rumo financeiro”, conclui, lamentando a “confusão e o calculismo” por detrás do “poder absolutíssimo do bloco central sorrateiro”.

Esquerda lembra as políticas que o PS deixou cair do OE

Além das críticas em uníssono à proximidade entre socialistas e sociais-democratas, os parceiros da geringonça também estão a focar a narrativa da campanha nas bandeiras da esquerda que o PS não quis incluir na proposta de Orçamento, preferindo manter políticas do tempo da troika.

“O país das pessoas, o que se preocupa com o fracasso da conferência sobre alterações climáticas, o que se sabe dos salários baixos, o que se revolta com o caos da corrupção, o tráfico dos diamantes, o país que está farto de escândalos bancários. Esse é o país verdadeiro. É o país do povo que se indigna, que paga impostos e que detesta a fraude, que não quer ficar à espera, que quer soluções para a saúde e o trabalho”, descreveu Catarina Martins, traçando o perfil do eleitor descontente e deixando apelos velados ao voto de protesto.

Já Mariana Mortágua apela a um “choque de investimento” para o país avançar, enumerando as prioridades de criação de redes de transportes públicos acessíveis, da eficiência energética das habitações, dos aumentos dos salários e da mudança urgente nas leis laborais.

Catarina Martins também lembrou as bandeiras bloquistas como o fim da caducidade da contratação coletiva e dos contratos precários; o reforço de investimento no SNS e a exclusividade dos profissionais de saúde no sistema público e o combate às alterações climáticas.

Jerónimo de Sousa também respondeu aos eleitores que ainda têm dúvidas sobre se o PCP teve a atitude certa ao votar contra o OE por ter “deitado fora” alguns pequenos avanços conseguidos nas negociações com o PS, como as creches gratuitas, o desdobramento do IRS em mais escalões ou os aumentos das pensões logo em Janeiro.

“Vamos para eleições com a confiança de ter cumprido os nossos compromissos e de ter lutado com todas as nossas forças por outro rumo para o país e por um futuro melhor para todos os portugueses”, argumentou o líder comunista.

Para além destas exigências, os comunistas têm objectivos semelhantes aos dos bloquistas, mirando os aumentos dos salários, o fim do legado da austeridade nas regras laborais, a construção de uma rede pública de creches, a construção de 50 mil fogos para habitação pública, a fixação de profissionais no SNS ou o corte no IVA da electricidade.

Fonte: ZAP.pt

 

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