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Marcelo está mais distante de Costa, mas “nunca será força de bloqueio”

09-07-2021 - Zap

Analistas consultados pelo Jornal de Negócios não negam que Marcelo Rebelo de Sousa está mais distante de António Costa, mas consideram que o Presidente vai continuar a tentar ser o mais “consensual” possível.

Longe vão os tempos de harmonia entre Belém e São Bento, com o Presidente da República a acentuar cada vez mais as divergências face ao Governo. Prova disso foi a situação recente sobre o desconfinamento do país.

Em meados de junho, em resposta aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa garantiu  que, no que depender de si, não haveria  “volta atrás” no desconfinamento . Confrontado com estas palavras, António Costa disse que “ninguém” podia assegurar que não iria ser preciso voltar atrás.

“Por definição o Presidente nunca é desautorizado pelo primeiro-ministro. Quem nomeia o primeiro-ministro é o Presidente, não é o primeiro-ministro que nomeia o Presidente”, respondeu então o chefe de Estado.

Depois desta resposta, Costa tentou acalmar os ânimos, dizendo que “não há seguramente qualquer conflito” com Marcelo, “como aliás não tem existido”, e disse aos jornalistas que “não vale a pena andarem a criar romances”.

Pelo meio, o Presidente ainda lançou vários alertas sobre a importância de aproveitar bem os fundos do  Plano de Recuperação e Resiliência  (PRR), tendo defendido mesmo que a sua execução deve ser julgada pelos eleitores nas legislativas daqui a dois anos.

Estará o Presidente a entrar na campanha de 2023, ajudando à reabilitação da direita, ou trata-se apenas da maior intervenção presidencial prometida pelo próprio para o segundo mandato, questionou, esta segunda-feira, o Jornal de Negócios .

Para Marques Mendes,  “nem uma coisa, nem outra” . O comentador considera que é uma “preocupação muito legítima e genuína de que a aplicação dos fundos da bazuca não corra bem” e, por isso, o chefe de Estado “está a alertar no início do processo, que é quando se deve alertar”.

Marques Mendes não nega uma “postura de maior distanciamento do que havia”, mas acha que esta é apenas “fruto das circunstâncias”.

“A base de apoio do Governo estreitou-se, a  degradação do Governo  acentuou-se, logo é natural que também haja algum distanciamento, o que não significa oposição”, declarou, considerando que Marcelo “nunca será força de bloqueio”.

Já António Costa Pinto, investigador-coordenador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, destaca a “perceção de que a bazuca tenderá a favorecer eleitoralmente o Governo”, pelo que  considera “natural”  que o Presidente e as forças da oposição estejam mais atentos a “formas de clientelismo, e até de corrupção, associadas a estes fundos”.

Ouvido pelo mesmo jornal, André Azevedo Alves, professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, considera que o Presidente está a “estabelecer algum  distanciamento crítico  em relação ao Governo, tendo em conta a perceção de uma grande cobertura institucional, e até política, de Marcelo a Costa”.

No entanto, acrescenta que Marcelo Rebelo de Sousa continua a “tentar ser o mais consensual possível”, o que explica o “paradoxo de avanços e recuos” vistos nesta questão do desconfinamento, quando disse depois que os recuos apresentados pelo Governo não são, afinal, “bem recuos”.

José Adelino Maltez, professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, acha, pelo contrário, que o Presidente da República já “está a  entrar no jogo da direita “.

“Rui Rio não serve e como a bazuca vai ser uma reivindicação da futura direita, que terá como slogan ‘a economia primeiro’, Marcelo está a alimentar a procura de uma alternativa ao centro”, defende.

 

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