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Durante o julgamento sobre George Floyd, a Polícia dos EUA matou ainda mais

23-04-2021 - AbrilAbril

Desde que começou o julgamento do ex-agente Derek Chauvin, a 29 de Março, subiu para mais de três a média diária de pessoas mortas pelas forças de segurança norte-americanas.

A 29 de Março teve início o julgamento do ex-agente da Polícia de Minneapolis Derek Chauvin, que é acusado do assassinato de George Floyd, a 25 de Maio do ano passado, em Minneapolis. Desde então, no espaço de 20 dias, pelo menos 64 pessoas morreram às mãos das forças da ordem em todo o país, e as pessoas negras e latinas representam mais de metade dos mortos, afirma o diário norte-americano  The New York Times  ( NYT ).

O diário explica que se registou um aumento no número de mortes provocadas pelas forças policiais nesta fase, sublinhando que, até sábado passado, a média era superior a três mortes por dia.

Apenas sete horas antes de os procuradores terem aberto o caso contra Chauvin, um agente policial matou um menor de 13 anos em Chicago. Um dia depois, vários agentes dispararam fatalmente contra um homem de 32 anos em Jacksonville, na Flórida, nota o periódico, que enumera múltiplos casos.

«Em todos os dias que se seguiram, até ao final do depoimento, uma outra pessoa foi morta pela Polícia nalgum lugar dos Estados Unidos», afirma, destacando a «exaustão mental e emocional» que prevalece tanto em membros das comunidades como em pessoal das forças de segurança – «a sensação de que o país não consegue resolver esta situação».

«Quantas perdas mais temos de lamentar?», disse Miski Noor, co-directora executiva do grupo Black Visions, sediado em Minneapolis, numa declaração após a morte recente de Daunte Wright, de 20 anos. A dor da morte de George Floyd «ainda está vincada nas nossas mentes e mesmo assim a história continua a repetir-se», prosseguiu. «A nossa comunidade atingiu o ponto de ruptura», alertou.

Muitas mortes às mãos da Polícia ocorreram à medida que o julgamento decorria em Minneapolis, e poucas chamaram tanto a atenção do país, neste período, como a de Daunte Wright, que teve lugar a cerca de 15 quilómetros do tribunal onde Derek Chauvin estava a ser julgado. Uma agente matou-o, alegando ter confundido a sua arma com o taser. Seguiram-se fortes protestos.

Abigail Cerra, advogada na área dos direitos civis em Minneapolis e membro da Comissão de Supervisão da Conduta da Polícia de Minneapolis, disse ao jornal que não era claro se os agentes o tinham mandado parar por causa de uma carta caducada, um problema para muitos automobilistas no estado do Minnesota durante a pandemia de Covid-19.

Mas há dois aspectos no caso que, disse, são irritantemente familiares: Daunte Wright era negro e a Polícia, que o devia entregar em segurança aos tribunais, onde as violações da lei devem ser julgadas, na verdade executou uma pena de morte. «É só mais um exemplo de um delito sem importância que escala para a letalidade», disse Cerra.

1100 pessoas mortas por ano desde 2013

Desde 2013, cerca de 1100 pessoas foram mortas todos os anos pela Polícia, de acordo com os dados recolhidos pela organização Mapping Police Violence, que estuda estas mortes, incluindo as não provocadas por armas, como no caso de George Floyd.

Philip Stinson, professor da área de Justiça Criminal na Bowling Green State University que estuda a morte de civis por membros das forças de segurança, afirmou que o aspecto mais espantoso das estatísticas sobre a letalidade da força policial é quão pouco os números mudaram desde que os investigadores começaram a rastreá-los de forma abrangente, há uma ou duas décadas.

Apesar de os vídeos gravados em telemóveis e nas câmaras corporais tornarem mais difícil esconder os erros humanos e os abusos de autoridade por parte da Polícia – e com a comunicação social a amplificar a indignação pública –, apenas 1,1% dos agentes que matam civis são acusados de homicídio ou homicídio involuntário, disse Stinson citado pelo  NYT .

No entanto, muitas vítimas de violência policial e as suas famílias não têm qualquer registo videográfico em que se apoiar.

Os agentes de Daly City, na Califórnia, não estavam a usar câmaras quando se envolveram numa luta com Roger Allen, de 44 anos, com este estava sentado num carro com um pneu furado, a 7 de Abril. Os agentes disseram que Allen tinha consigo, no seu colo, o que parecia ser uma arma. Afinal, era uma pressão de ar, mas Allen foi atingido no peito durante a disputa.

Talika Fletcher, de 30 de anos, disse que está a lutar para aceitar o facto de o seu irmão mais velho, que era como uma figura paterna, se ter juntado à lista terrível de homens negros que morreram às mãos das forças de segurança.

«Nunca pensei que que o meu irmão se tornasse um cardinal», afirmou, tendo acrescentado ter poucas esperanças de que a dinâmica entre os negros e a Polícia seja melhor quando o seu filho de 14 meses, Prince, crescer. «O ciclo não vai mudar», disse.

 

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