“Números podem chegar a valores insuportáveis”. Portugal poderá já ter entrado na 3.ª vaga
08-01-2021 - Daniel Costa
A estimativa do especialista Carlos Antunes é de que Portugal já tenha entrado na terceira vaga. O investigador avisa que “os números podem chegar a valores insuportáveis”.
Carlos Antunes, engenheiro, professor e investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, é um dos especialistas que oferece aconselhamento científico ao Governo no combate à pandemia de covid-19. Na sua opinião, citada pelo Observador, “estamos efetivamente na terceira vaga”.
Nas últimas 24 horas, Portugal registou mais 90 mortes e 4.956 casos positivos ao novo coronavírus, de acordo com os dados do mais recente boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS). Este foi o quarto dia com mais óbitos desde o início da pandemia em Portugal e desde 14 de dezembro que não havia tantas mortes por covid-19 num só dia.
Atualmente, 14,4% do número médio de amostras processadas com recursos a testes PCR e a testes de antigénio resultaram positivos. Na ótica de Carlos Antunes é um “salto galopante” em relação aos 8,8% registados oito dias antes da época natalícia.
Perante estes números é possível concluir que o Natal e a Passagem de Ano terão mesmo provocado um aumento das cadeias de contágio, desencadeando uma nova vaga.
“Sem medidas drásticas, os números podem chegar a valores insuportáveis. E isto, sem ainda estarmos a considerar a entrada de uma nova variante que pode ultrapassar os 50% de aumento de contágio face à atual variante dominante”, alerta o especialista em declarações ao Observador.
O número de novos casos de infeção pelo novo coronavírus está a aumentar exponencialmente em todo o território continental, com o risco de transmissão a nível nacional fixado em 1,14.
Carlos Antunes estima que todos os dias 5.700 pessoas fiquem infetadas, mas a média dos últimos sete dias prevê que só 5.200 estão a ser diagnosticadas.
“A evolução rápida aconteceu na primeira vaga, mas com uma grande diferença: na primeira começámos do zero, agora a terceira vaga começou de um patamar de incidência na ordem dos 3.400 casos, de internamentos na ordem das 2.900 camas de hospital; e de óbitos na ordem dos 70 por dia”, explica Carlos Antunes.
O especialista epidemiológico prevê ainda que, a 12 de janeiro, Portugal possa atingir uma média de 6.500 a 6.600 contágios diários nos sete dias anteriores, 3.200 internamentos hospitalares (524 dos quais em unidades de cuidados intensivos) e 87 mortes.
Fonte: ZAP
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