Rio diz que “o Chega até pode desaparecer” e atira culpas pelo acordo nos Açores para a esfera de Marcelo
20-11-2020 - Lusa/Zap
Rui Rio, presidente do PSD, assume que concorda com o líder do Chega quanto à necessidade de acabar com a “subsídio-dependência” e diz que pode aceitar o apoio do partido de André Ventura no Parlamento nacional. Sobre o acordo nos Açores, diz que foi uma exigência do representante de Marcelo Rebelo de Sousa no Arquipélago.
Declarações feitas por Rui Rio em entrevista à TVI, onde Rio destacou que o Chega “é uma federação de descontentes ” que “vai buscar eleitorado a todos os espectros”.
“Não é um partido cimentado”, frisou ainda, considerando que “o tempo vai obrigar o Chega a ser um partido pela positiva”. “O Chega até pode desaparecer” , vaticinou mesmo, notando que “é uma forte possibilidade”.
Sobre o acordo parlamentar obtido entre os sociais-democratas e o Chega nos Açores, Rio assumiu que “do ponto de vista do interesse do PSD”, não é o ideal .
Mas foi o “ministro da República”, ou seja o representante nomeado por Marcelo Rebelo de Sousa, quem exigiu um documento escrito a garantir a estabilidade no Governo regional, revelou Rio na entrevista.
“Têm de perguntar ao dr. Pedro Catarino. Aquilo que eu sei é que ele exigiu , preto no branco, o suporte parlamentar”, salientou, atirando, assim, para a esfera de Marcelo Rebelo de Sousa parte das responsabilidades pelo acordo com o Chega.
Rio referiu que teve “conhecimento” das negociações, mas notou que não lhes deu “cobertura”. Apesar disso, realçou que concorda com os termos do acordo .
“O PSD Açores aceitou quatro reivindicações do Chega e uma dessas condições foi a redução de subsídio-dependência , um falhanço completo da governação do PS nos Açores”, salientou.
“ Não tenho nenhum problema com as posições do Chega sobre esta questão da subsídio-dependência, estou de acordo”, reforçou, destacando que é preciso “criar emprego” e “fiscalizar melhor quem está com o rendimento mínimo porque há pessoas que não trabalham porque não querem “.
“Estou de acordo com o combate à corrupção , vamos fazer uma proposta de redução do número de deputados e fomentar o reforço da autonomia”, acrescentou.
Sobre a possibilidade de repetir o acordo dos Açores a nível nacional, Rio admitiu apenas aceitar o apoio do Chega a maiorias no Parlamento.
“Se fosse hoje, era impossível o PSD fazer um Governo com a participação da extrema-esquerda e da extrema-direita. Não entraria o PCP, o BE nem o Chega “, atirou o líder do PSD numa farpa ao Governo de António Costa.
Rio afirmou também que “nunca” um Governo seu “se colocará nas mãos do Chega” , em mais uma crítica velada ao Executivo socialista.
Rio sente-se mais perto de ser primeiro-ministro
Na entrevista à TVI, o líder do PSD disse acreditar que a actual legislatura não chegará ao seu termo em 2023.
Reiterando o voto contra do PSD na votação final do Orçamento do Estado para 2021 , Rio notou que uma gestão em duodécimos “é um problema”, mas referiu que poderia ser preferível a um documento “piorado” por PCP e BE.
Questionado então se considera preferível um cenário de eleições antecipadas, Rio fez questão de separar os planos, mas disse duvidar da estabilidade da legislatura.
“Da maneira como estou a ver, não me parece fácil que a legislatura vá até ao fim “, afirmou, apontando divisões ao nível do apoio parlamentar e até no Governo.
E à pergunta se tal significa que se considera mais próximo de vir a ser primeiro-ministro, respondeu afirmativamente “sim”.
“ Não quero chegar a primeiro-ministro de qualquer maneira . Se ao longo deste tempo for prometendo o impossível, quando chegar a primeiro-ministro já estou diminuído”, disse ainda.
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