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Vacina da Moderna para a covid-19 tem eficácia de 94,5%, diz a empresa

20-11-2020 - Clara Barata

Usando a mesma tecnologia que a da BioNtech-Pfizer, esta vacina não precisa de ser armazenada a temperaturas tão baixas. Mas nenhuma publicou ainda os seus resultados num artigo científico, para poderem ser escrutinados pela comunidade científica.

Um ensaio clínico com mais de 30 mil participantes para verificar a eficácia da vacina para a covid-19 da empresa de biotecnologia norte-americana Moderna revelou uma eficácia de 94,5%, anunciou a companhia, através de um comunicado de imprensa.

Quando ainda não há resultados finais para mostrar, as empresas que estão a apostar na tecnologia do ARN mensageiro (ARNm), que até agora nunca foi usado para produzir nenhuma vacina corrente, competem entre si para mostrar que têm menos exigências na cadeia de frio para serem armazenadas e transportadas.

Dos mais de 30 mil participantes no ensaio, 95 ficaram doentes com covid-19, dos quais cinco estavam imunizados com a vacina da Moderna. Neste grupo, 11 pessoas ficaram com uma forma grave da doença - mas nenhum deles estava a tomar a vacina, eram voluntários do grupo de comparação. Entre as 95 pessoas que ficaram com covid-19 havia 15 adultos com mais de 65 anos, diz o comunicado de imprensa - mas não explica se isso tem alguma relevância estatística, ou para avaliar a imunização.

vacina da Moderna  baseia-se na mesma nova tecnologia que a da empresa alemã BioNtech, que será comercializada e distribuída pela multinacional Pfizer, e que na semana passada anunciou uma taxa de sucesso de 90%. As vacinas tradicionais introduzem proteínas virais inofensivas ou até vírus inactivados para desencadear uma resposta do sistema imunitário. Mas as vacinas como estas, baseadas na tecnologia do  ARN-mensageiro (ARNm)  usam uma molécula que transporta instruções para que as células produzam proteínas virais a partir das informações codificadas no material genético que está no núcleo. Estas proteínas não causam infecção, mas ensinam o organismo a lutar contra o novo coronavírus.

A vacina da BioNtech-Pfizer têm um problema: precisa de ser armazenada a temperaturas muito baixas, entre 70 a 75 graus Celsius negativos, embora se aguente a temperaturas menos baixas durante cinco dias. O elemento distintivo, explica Miguel Castanho, do Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa, é que a vacina da Moderna está inserida em “microgotículas de gordura, de lípidos, que se ligam ao ARN e o estabilizam”.

Manter esta molécula estável é um desafio: “O grande problema do ARN é que é quimicamente instável, tem tendência a fazer várias reacções com outras moléculas e até consigo próprio. Se fizer essas reacções, a molécula passa a ser outra e portanto torna-se ineficaz, sem efeito. Por isso é que a vacina da Pfizer precisa de estar a 70 graus Celsius negativos, porque a muito, muito frio, as reacções químicas são muito retardadas”.

Para alcançar temperaturas de 70 a 75 graus negativos é preciso frigoríficos ultrafrios - uma tecnologia que não está disponível em todo o lado, e muito menos nos países mais pobres, pelo que um dos desafios para a sua distribuição será a instalação de unidades de refrigeração compatíveis. “Já instalámos 65 mil, desde o início do ano”, contabilizou Seth Berkley, o director-geral da Aliança GAVI, uma organização internacional de empresas como farmacêuticas e parceiros públicos, para fazer chegar as vacinas aos que mais delas precisam, ao falar na sexta-feira passada no Fórum Mundial da Paz.

A vacina da Moderna tem aqui uma vantagem: não precisa de ser armazenada a temperaturas tão baixas. “Espera-se que permaneça estável em temperaturas de 2 a 8 graus Celsius durante 30 dias, quando antes se estimava que durasse apenas sete dias”, diz outro comunicado de imprensa da empresa de biotecnologia norte-americana.  Pode ainda ser guardada no congelador durante seis meses a 20 graus Celsius negativos. Não precisa assim de uma nova infra-estrutura de distribuição.

Aviação prepara-se para “distribuição em grande escala” de vacinas

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) divulgou orientações para a indústria de carga aérea se preparar para a “distribuição em grande escala” de vacinas para a covid-19. “Haverá desafios logísticos complexos”, sobretudo para as vacinas que tiverem de ser transportadas e armazenadas num estado ultracongelado, reconhece o presidente executivo da IATA, Alexandre de Juniac, em comunicado.

As orientações para o sector da carga aérea foram definidas em colaboração com a Federação Internacional de Fabricantes e Associações Farmacêuticas (IFPMA), Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO) e a Organização Mundial do Comércio (OMC), entre outras entidades.

As directrizes apontam a necessidade de “os governos restabelecerem a conectividade aérea para assegurar a disponibilidade de capacidade adequada para a distribuição de vacinas” e de assegurar “instalações ultracongeladas em toda a cadeia de abastecimento”, que terão de ser geridas por “pessoal treinado para lidar com vacinas sensíveis ao tempo e à temperatura”.

Acresce que “as aprovações regulamentares atempadas e o armazenamento e desalfandegamento pelas autoridades aduaneiras e sanitárias serão essenciais”, bem como a adoção de “disposições para garantir que as remessas permanecem seguras contra adulterações e roubos”.

A vacina desenvolvida pela empresa de biotecnologia alemã CureVAC usa a mesma tecnologia de ARNm, e também não necessita de ser armazenada em condições especiais de ultrafrio; mantém-se estável a cinco graus positivos, pelo que pode ser mantida em condições de refrigeração normais. Mas a CureVAC seguiu uma estratégia algo diferente; emitiu comunicados de imprensa, sim, mas os seus cientistas assinam também um breve artigo de pré-publicação (ainda não avaliado pelos pares) no MedArxiv .

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou entretanto que na terça-feira será autorizado um novo contrato para a compra de 405 milhões de doses da vacina para a covid-19 da CureVac. Será a quinta vacina adquirida pela União Europeia. 

“Nesta fase, não sabemos quais as vacinas que serão mais seguras e eficazes, por isso a Europa está a construir um portefólio vasto para os seus cidadãos”, explicou Von der Leyen, para garantir que os cidadãos europeus tenham acesso à melhor cobertura possível.

A Comissão está também em negociações com a Moderna para a aquisição da sua vacina, mas esta empresa tem sido bastante apoiada pelo Governo norte-americano. Já recebeu perto de mil milhões de dólares em financiamento de investigação e desenvolvimento, e tem um contracto no valor 1500 milhões de dólares para fornecer 100 milhões de doses aos EUA, com a opção de mais 400 milhões, para além de acordos já firmados com outros países, diz a Reuters. Clientes não lhe faltam e as acções da moderna chegaram a subir mais de 15% esta segunda-feira - enquanto as da farmacêutica Astra-Zeneca, que tem um acordo com a Universidade de Oxford, outra das mais vacinas mais faladas, desceram mais de 1%.

Mas, por prometedoras que sejam, ambas as equipas por trás destas vacinas apenas anunciaram os seus resultados através de comunicados de imprensa: não publicaram os seus resultados ainda em revistas científicas, onde são revistas por outros cientistas. Aguarda-se esse passo fundamental para poder perceber os seus pontos fracos e fortes.

Fonte: Publico.pt

 

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