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CARTA ABERTA DO MAIS À CANDIDATA PRESIDENCIAL ANA GOMES E AOS SEUS APOIANTES

09-10-2020 - MAIS

Quando finalmente aparece uma candidata presidencial preocupada em combater a corrupção e o tráfico de influências, por Rui Pinto e contra Isabel dos Santos, pelos Portugueses e contra o Espírito Santo Salgado, eis que surge o nome do político e sociólogo Paulo Pedroso (doravante PP) associado à coordenação da campanha da ex-eurodeputada.

Nada nos move pessoalmente contra PP, nem sabemos se era culpado nas acusações que o Ministério Público lhe fez no âmbito do caso Casa Pia,uma vez que não chegou a haver julgamento porque, na fase instrutória, o Tribunal de Instrução Criminal considerou que não havia fundamento para o levar a julgamento.No processo que moveu contra o Estado, Paulo Pedroso alegou erro grosseiro cometido pelo juiz do processo na sua prisão preventiva tendo o Supremo Tribunal de Justiça considerado que havia "fortes indícios da prática de vários crimes de abuso sexual de crianças puníveis com pena de prisão superior a três anos".Porém, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem deu razão a PPalegando que, no momento da detenção do ex-ministro, "não havia suspeitas plausíveis de abuso sexual porque não tinha sido identificado pessoalmente pelas vítimas”.

E assim só nos restaacreditar na sua inocência.

Em todo o caso, independentemente da culpa ou falta dela, preferimos aqueles que foram absolvidos ou que, condenados, expiaram a sua culpa do que aqueles que não chegaram a ser julgados depois de terem sido indiciados. A SUSPEIÇÃO, embora possa ser um fardo pesado que ninguém merece suportar, é a pior das verdades.

Mas pior que isso, PP é uma figura do tal “regime” que Ana Gomes (doravante AG) quer combater, uma personalidade que foi secretário de Estado e ministro, deputado e presidente do grupo parlamentar do PS (partido que abandona em 2020 no ano em que é contratado pela Associação Mutualista Montepio Geral) e que, afastado da política direta, foi indicado pelo governo para administrador executivo suplente do Banco Mundial, um dos melhores “jobs” do mundo.

Acresce que, segundo notícia veiculada pela LUSA no passado dia 2 de junho, a antiga eurodeputada socialista AGse ‘distanciou’ de uma plataforma criadapara apoiar a sua candidatura presidencial, afirmando que esta iniciativa não seria a única influência na reflexão que estaria a fazer. "É uma iniciativa, em relação à qual não tenho nenhuma ligação … Não tenho nada contra, não tenho nada a favor, não tenho nenhuma ligação, não impulsionei isso … Houve alguém que me disse que tinha sido criada uma plataforma, mas não sei, não fui ver. Estou a refletir e, portanto, não senti nenhum ímpeto para ir ver quem é que lá estava, quem é que lá não estava. É uma iniciativa de algumas pessoas, em relação à qual não tenho nenhuma ligação … A minha reflexão é, sobretudo, na base de ouvir pessoas que muito estimo, que muito prezo, e não propriamente na base de iniciativas que estão a ser tomadas por algumas pessoas”. Mais acrescentou que a reflexão que estava a realizar teria muitos fatores em consideração e que esta plataforma poderia ser um deles, eventualmente, mas não o único. Ora se o foi, se veio a pesar na sua decisão em se candidatar, não o revelou ainda, quer privada quer publicamente.

São promotores e subscritores desta «Plataforma Cívica de Apoio à Candidatura de Ana Gomes à Presidência da República», além do fundador do Movimento de Cidadania Independente -MAIS,Carlos Magalhães, que humildemente escreve estas linhas, personalidades como o antigo deputado do PS e ex-candidato presidencial Henrique Neto, o ex-presidente da Câmara Municipal de Matosinhos Narciso Miranda e atual autarca independente na mesma edilidade, o ex-autarca de Fafe José Ribeiro e o militante socialista crítico da liderança de António Costa, Pedro Caetano.

Em relação ao teor do comunicado da plataforma, é nele explicitado que “nunca uma mulher foi Presidente da República”, que AG “é uma mulher de causas” e que “desenvolve uma reconhecida atividade cívica”.A “longa carreira diplomática” da também comentadora política é utilizada nos pressupostos desta iniciativa, assim como a “experiência no campo da política europeia”.Além disso, AG “tem lutado contra a cartelização da justiça, o enriquecimento ilícito e o tráfico de influências”.

Os subscritores desta plataforma consideravam por isso que AG representaria uma alternativa ao presumível candidato do regime Marcelo Rebelo de Sousae ao populismo do já candidato André Ventura.

A notícia da chegada de PP à campanha da, entretanto, anunciada candidata caiu como uma bomba em alguns daqueles que, de forma desinteressada e apenas movidos pelo desígnio patriótico, lhe tinham manifestado o seu apoio. É, como diz Pedro Caetano, “a aproximação de Ana Gomes, como Marcelo, ao ‘status quo’ político das influências do costume, personalizado em Pedroso e nos socráticos fervorosos que a rodeiam” que nos leva agora a ‘distanciarmo-nos’ da candidata que gostaríamos de ter continuado a acreditar ser a voz irreverente da luta contra os negócios misturados com a política, entre outras mazelas da nossa democracia.

Entre tantos cidadãos, ainda que fossem da esfera socialista, AG fez a pior escolha, a do PP “injustiçado”, como afirma. O próprio militante socialista Francisco Assisou o ex-militante socialista Henrique Neto que a apoiam desde a primeira horapoderiam ter sido a escolha preferencial da candidata para serem o seu braço direito.

É por estes motivos, que não são propriamente intrínsecos à candidata mas ao séquito de apoiantes ligados ao ‘regime’, como PPe outros que se vão entretanto perfilando,que nãoos cidadãos honestos e trabalhadores, que pagam os seus impostos, que cumprem integralmente as regras do Estado de Direito Democrático, que não vivem exclusivamente da política e dos cargos, vulgo ‘tachos’, que advém dos favores da governação, aqueles em quem precisamente a candidata se deveria apoiar para mudar o paradigma da política em Portugal.

Não pela pessoa em si,que continuamos a respeitar e em quem acreditamos num primeiro momento ser um alternativa credível aos candidatos do ‘regime’, mas pelas novas roupagens com que(re)vestiu a sua candidatura, o MAIS, representado na plataforma por mim, bem como outros subscritores da mesma ligados ao MAIS, como Anabela Tinta-Fina Cartas, Paulo Viana, Emília Araújo, Domingos Valente e Sérgio Pinto, assume publicamente que abandona a Plataforma Cívica criada para o apoio à candidatura de AG no dia 1 de junho, ainda antes de ela mesma se assumir como candidata, apoio que lhe foi reiteradono dia 14 de setembro depois de AG ter anunciado finalmente a sua candidatura, na senda e em sintonia com a demarcação que já foi feita,em artigo publicado na imprensa e nas redes sociais, pelomilitante socialista Pedro Caetano.

Como mandam as regras da boa convivência democrática, do teor desta missiva será dado conhecimento à própria candidata, bem como aos demais subscritores da plataforma aludida.

SOMOS MAIS MAS NÃO QUEREMOS SER “MAIS DO MESMO”

Carlos Magalhães

 

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