PJ investiga ameaças a 3 deputadas, à SOS Racismo e aos familiares. “Têm 48 horas para sair de Portugal”

14-08-2020 - Zap

A Polícia Judiciária está a investigar um e-mail enviado a um grupo de dez pessoas em que é dado um prazo de 24 horas para que as mesmas abandonem “território nacional” em 48 horas e que rescindam “as suas funções políticas”.

A informação foi inicialmente avançada pela RTP, sendo depois confirmada pelo Expresso.

Também o jornal Público dá conta da investigação policial, dando conta que as autoridades estão atentas àquilo que consideram ser “uma escalada” de grupos, discursos e narrativas para segmentar pessoas negras, ciganas e imigrantes e veicular “a supremacia branca”.

Entre os visados estão as deputadas Beatriz Gomes Dias, Mariana Mortágua (do Bloco de Esquerda) e Joacine Katar Moreira (deputada não inscrita), Mamadou Ba, dirigente do SOS Racismo, Danilo Moreira, sindicalista, Jonathan Costa e Rita Osório, da frente unitária anti-fascista, Vasco Santos, do Movimento Alternativa Socialista, Melissa Rodrigues, do Núcleo Anti-racista do Porto.

O mesmo e-mail, que o Expresso publica na íntegra, deixa também ameaças aos familiares de cada um dos visados. “Sendo o prazo ultrapassado, medidas serão tomadas contra estes dirigentes e os seus familiares, de forma a garantir a segurança do povo português”.

As duas deputadas do Bloco de Esquerda vão apresentar uma queixa-crime ao Ministério Público em nome individual por causa deste e-mail.

“Esta forma de intimidação é grave, é crime e tem que ser tratado como tal. Queremos que a investigação decorra o mais célere possível, que sejam identificados e responsabilizados os autores”, disse ao jornal Público Beatriz Gomes Dias.

Também a SOS Racismo, que também recebeu o e-mail, vai avançar com uma queixa.

Ao Público, Mamadou Ba, que já prestou declarações na PJ, disse: “Esta última ameaça é a prova de que é preciso levar muito a sério o nível de escalada a que estamos a assistir, significa que não são apenas ameaças de redes sociais e que tenham a ver com disputa política mas com terrorismo e ameaças direta de morte”.

De acordo com o mesmo jornal, a situação não é considerada como uma “ameaça iminente”, uma vez que este tipo de intimidações antifascistas e anti-racistas têm sido constantes nos últimos meses.

As ameaças, recorde-se, surgem dias depois da “parada Ku Klux Klan” junto às instalações da SOS Racismo em Lisboa.

Expresso revela e-mail na íntegra

“Informe da Nova Ordem de Avis – Resistência Nacional:

– Beatriz Gomes
– Danilo Moreira
– Joacine Katar Moreira
– Mamadou Ba
– Jonathan Costa
– Rita Osório
– Vasco Santos
– Luís Lisboa
– Melissa Rodrigues
– Mariana Mortágua

Informamos que foi atribuído um prazo de 48 horas para os dirigentes antifascistas e anti-racistas incluídos nesta lista, para rescindirem das suas funções políticas e deixarem o território português.

Sendo o prazo ultrapassado, medidas serão tomadas contra estes dirigentes e os seus familiares, de forma a garantir a segurança do povo português. O mês de Agosto será mês da luta contra os traidores da nação e seus apoiantes. O mês de Agosto será o mês do reerguer nacionalista.

NOA-RN”

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