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Questões Oportunas

Fugas, armas, prostitutas, milhões e 47 filhos: a vida inacreditável de John McAfee
02-08-2019 - Redacção

De lenda da tecnologia a fugitivo em Belize. De um rancho rural no Tennessee à candidatura à Casa Branca. De “profeta dos bitcoins” a procurado pela CIA. De “exilado” nas Bahamas a uma nova candidatura à presidência dos EUA… mas com uma campanha sediada em Cuba. Esta é a inacreditável vida do pioneiro dos antivírus, John McAfee.

O excêntrico milionário John McAfee que criou o antivírus com o seu sobrenome passou mais de sete meses no Caribe, num luxuoso iate junto aos seus cães, à esposa, aos guarda-costas e ao seu arsenal de armas.

McAfee fugiu dos EUA em Janeiro passado, quando as autoridades começaram a procurá-lo depois de ter confessado que   não pagou impostos durante mais de oito anos   por os considerar “injustos”.

Desde então, McAfee diz-se   “perseguido” e “vítima de um exílio forçado”   que o levou a uma jornada por três ilhas – de onde ele também teve que partir de maneira inusitada.

O empresário de 73 anos chegou primeiro às Bahamas. De lá, fugiu para se proteger pouco depois de afirmar publicamente que era   “perseguido” pela CIA .

Então, viajou para Cuba, onde, de acordo com as suas publicações no Twitter, esperava que o governo não o deportasse de volta para os Estados Unidos.

No meio das sanções de Donald Trump contra Cuba, McAfee ancorou o seu iate na exclusiva marina Hemingway, de onde, dia após dia, publicava fotos, vídeos e comentários sobre charutos, restaurantes,   bebidas caras e festas .

Em Havana, ele voltou às manchetes ao anunciar que estabeleceria, ali mesmo, o seu comité para as eleições presidenciais norte-americanas de 2020. Esta seria a sua segunda tentativa de chegar à Casa Branca – desta vez, com plataformas baseadas nas   criptomoedas e no livre comércio .

“Como sou um perseguido político, a sede da minha campanha agora está localizada em Havana, Cuba. Eu ainda estou na luta”, escreveu no Twitter, onde se afirmou como candidato perante   1,2 milhões de seguidores .

McAfee também se ofereceu para aconselhar o governo cubano sobre questões ligadas a pagamentos com moedas digitais, poucos dias depois de a ilha anunciar a sua intenção de usá-las como alternativa para contornar o   embargo económico   imposto pelos EUA.

No entanto, jornalistas cubanos consultados pela BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, explicaram que, apesar de vários fugitivos dos EUA viverem em Havana, a permanência de McAfee gerou   desconforto às autoridades cubanas   graças ao ritmo das suas publicações nas redes sociais.

Em meados de Julho, ele publicou uma foto no seu iate com a actual esposa, ambos empunhando armas pesadas.

Poucos depois, foi   preso com armas e mais de 80 mil dólares   na República Dominicana.

Quando ainda não se conhecia este dado, nem o paradeiro de McAfee, o seu director de campanha, Rob Benedicto, usou o perfil do milionário no Twitter para avisar que ele terá partilhado   “dados confidenciais”   com “indivíduos por todo o mundo” e que estes os divulgariam se ele “desaparecesse”.

No dia seguinte, McAfee publicou imagens no Twitter a anunciar que tinha sido libertado “após   quatro dias de detenção “. “Fui bem tratado. Os meus superiores foram amigáveis e prestáveis. Apesar das circunstâncias úteis, decidimos seguir em frente”, escreveu ainda.

 

Pouco depois, McAfee voltou a ser detido como o próprio anunciou no Twitter. “A minha segunda detenção numa semana“, frisou, falando num “recorde” numa publicação onde aparece sentado no estrado de uma cama da prisão.

Novamente libertado, McAfee voltou a dar sinal de vida em Londres, de onde publicou várias fotografias e até expressou uma eventual vontade de ser candidato a primeiro-ministro da Grã-Bretanha.

Mas a passagem pela capital britânica foi curta e McAfee já anunciou ter deixado Londres a caminho da “segurança completa”,, realçando que “os homens maus nunca chegaram perto” e prometendo que   não será “silenciado” .

Poucos dias antes, McAfee tinha anunciado que ia revelar como “um oficial corrupto das Bahamas orquestrou” a sua “provação” com “a ajuda da CIA”. Tinha também lamentado que “o longo braço” dos EUA   o estava “a alcançar” em Londres.

Suspeitas de assassinato e disfarces

Em 2012, McAfee foi considerado fugitivo pelas autoridades de Belize, onde morava na altura. Fugiu do país da América Central depois de ser considerado suspeito de envolvimento no  assassinato do também americano Gregory Faull , seu vizinho, com quem supostamente tinha desentendimentos relacionados com os cães.

Nessa altura, tingiu o cabelo e a barba e disfarçou-se para não ser reconhecido. À revista Wired disse que chegou a  esconder-se em caixas enterradas na areia  para fugir à polícia.

De Belize, o magnata fugiu para a Guatemala, de onde foi deportado para os EUA.

McAfee também contou à Wired que conheceu a atual esposa, Janice McAfee, na primeira noite que passou nos EUA, em Miami Beach. O encontro aconteceu quando ela lhe vendeu os serviços sexuais como prostituta .

Casaram pouco tempo depois e foram morar numa quinta no Tennessee, de onde o cientista de computação lançou a sua primeira campanha para a presidência norte-americana, em 2016, pelo  Partido Libertário . A candidatura, no entanto, não vingou.

Apesar do sotaque do sul dos EUA, o empresário  nasceu numa base militar dos EUA , em Inglaterra – é filho de uma britânica que conheceu um soldado norte-americano durante a Segunda Guerra Mundial.

Quando era jovem, mudou-se para o estado da Virgínia, onde teve uma infância conturbada –  o pai era alcoólico e cometeu suicídio  quando McAfee tinha apenas 15 anos de idade.

McAfee começou também  a beber excessivamente e a usar drogas , mas apesar disso conseguiu manter uma carreira académica promissora. Contudo, esta chegou a um fim abrupto em 1960.

A Universidade Estadual de Louisiana  expulsou-o de um doutoramento  em Matemática quando soube que McAfee tinha dormido com uma aluna que estava a orientar. Os dois casaram-se tempos depois.

Quando ainda estava preso aos vícios, McAfee começou a trabalhar com algumas das maiores organizações de tecnologia da época, como a NASA, a General Electric, a Siemens, a Univac e a Xerox. Mas a situação chegou a um ponto crítico na década de 1980, quando a esposa foi demitida e a  dependência de drogas e prostitutas  forçou o milionário a procurar ajuda.

No ano passado, afirmou que  tem 47 filhos .

Guru digital

Há quase três décadas, McAfee conseguiu um emprego que mudaria a sua vida. Foi contratado pela empresa de defesa Lockheed Martin, onde começou a trabalhar num projecto secreto de reconhecimento de voz .

Durante as pesquisas, deparou-se com  código de informática bastante incomum . O programa copiava-se sempre que uma disquete era inserida num computador infectado – o que lhe permitia espalhar-se rapidamente.

O primeiro contacto com um vírus deixou McAfee tão fascinado que resolveu projectar uma maneira de desinfectar os computadores e depois espalhar a cura através de um sistema inédito até então.

A  descoberta inspirou-o  a criar o seu próprio negócio no estacionamento de casa: a McAfee Associates, dentro da qual desenvolveu diferentes programas para detectar e eliminar vírus de computador.

No início, ele oferecia o serviço gratuitamente aos utilizadores comuns. Depois, começou a vendê-lo para diferentes empresas.

Em 1992, o antivírus de McAfee era usado por muitas empresas americanas e multinacionais, o que levou o empresário a fazer uma oferta pública na Bolsa de Valores.

Anos mais tarde,  vendeu a empresa à Intel . A sua fortuna, nessa altura, foi calculada em 100 milhões de dólares .

Desde 1995, quando fez 50 anos, McAfee começou a investir noutros projectos digitais, mas o que tem ganho a sua atenção nos últimos tempos é o mundo ainda emergente das criptomoedas .

Aos 73 anos, ele continua a viver uma vida repleta de mudanças abruptas, episódios truculentos, aventuras e excentricidades de todos os tipos.

Fonte: BBC

 

 

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