O economista Rudiger Dornbusch, co-autor de um dos manuais de macroeconomia mais utilizados em todo o mundo antes da onda avassaladora do monetarismo, foi bem claro ao afirmar em 1996:
“Se as taxas de câmbio, como instrumento de política, são abandonadas, qualquer outra coisa terá de ocupar o seu lugar. Os promotores de Maastricht evitaram cuidadosamente referir-se ao que poderia ser. Mercados de trabalho competitivos é a resposta, mas essa é uma palavra feia na Europa do Bem-Estar Social.”
Com o euro, a Alemanha e outros países (a França também se desindustrializou) acumularam créditos desde o início do euro até à crise de 2008; a periferia... dívidas a esses países. A partir daí, a periferia foi sujeita a uma grave recessão que, como seria de esperar, reduziu/eliminou os défices externos pelo empobrecimento, portanto de forma conjuntural.
A única solução para desfazer esta simbiose é eliminar a sua causa: uma moeda forte e uma política económica que fará dos países da periferia uma vasta região deprimida, um Mezzogiorno à escala europeia. A Grécia já está nessa situação. Queremos fazer-lhe companhia?
Jorge Bateira